Febre oropouche já causou quatro mortes no Brasil em 2025, com casos em alta

O Brasil registrou pelo menos quatro mortes por febre oropouche em 2025, sendo três confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) e uma pela Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo (SES-ES).
Além dos óbitos, o Ministério da Saúde contabilizou 10.072 casos da doença até 16 de maio, segundo o boletim do Centro de Operações de Emergências (COE). O número representa um aumento de 56,4% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram notificados 6.440 casos.
Aumento de casos de febre oropouche no Brasil preocupa especialistas
Em 2023, o país registrou 833 casos da doença, número que saltou para 13.853 infecções confirmadas em 2024. O estado mais afetado é o Espírito Santo, com 6.118 registros, seguido pelo Rio de Janeiro (1,9 mil casos), Paraíba (640) e Ceará (573).
Segundo o Centro de Operações de Emergências (COE), 70,5% dos infectados têm entre 20 e 59 anos. Entre bebês menores de 1 ano, foram confirmados 12 casos, com maior incidência no Rio de Janeiro (6), Espírito Santo (4), Ceará (1) e Paraíba (1).
Possíveis causas do surto
O Ministério da Saúde atribui parte do aumento à ampliação da testagem, que permitiu identificar casos além da Região Norte, onde a doença era mais comum. Além disso, especialistas apontam outros fatores:
– Mutações virais: Em 2023, a Fiocruz detectou uma nova linhagem do vírus oropouche (OROV), originada no Amazonas entre 2010 e 2014.
– Mudanças ambientais: Desmatamento, alterações climáticas e migrações humanas facilitam a disseminação do vírus, segundo Pedro Vasconcelos, pesquisador do Instituto Evandro Chagas.
Primeiras mortes e risco
A infectologista Jessica Fernandes Ramos, do Hospital Sírio-Libanês, alerta que, diferentemente de anos anteriores, já há registros de óbitos pela doença. A letalidade ainda é considerada baixa, mas a vigilância deve ser intensificada.
O que é a febre oropouche?
Transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis (maruim ou mosquito-pólvora), a doença foi identificada no Brasil nos anos 1960. Ela possui dois ciclos de transmissão:
– Silvestre: Hospedeiros são animais, como bichos-preguiça e macacos.
– Urbano: Humanos são os principais hospedeiros.
O maruim prolifera em áreas rurais, agrovilas e locais desmatados, diferentemente do Aedes aegypti (transmissor da dengue), mais comum em centros urbanos. Apesar disso, mutações podem aumentar a adaptação do vírus a mosquitos urbanos.
Sintomas e tratamento
Os sintomas são semelhantes aos da dengue, mas a febre oropouche raramente causa dor abdominal intensa ou hemorragia. Nos casos graves, pode afetar o sistema nervoso, provocando meningite ou encefalite, principalmente em pacientes com imunidade baixa.
Não há tratamento específico: o manejo inclui medicamentos para dor e febre, hidratação e repouso.
Como se prevenir?
O Ministério da Saúde recomenda:
– Evitar áreas com alta infestação de mosquitos.
– Usar roupas compridas e repelente.
– Eliminar criadouros, como água parada e folhas acumuladas.
– Seguir orientações das autoridades locais em regiões com casos confirmados.
A vigilância reforçada e medidas de controle são essenciais para conter a disseminação da doença.